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Preservação de Vídeo Digital e História Oral

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Esta é uma tradução inédita para o português do artigo Digital Video Preservation and Oral History, de Kara Van Malssen, originalmente publicado em inglês no portal Oral History in the Digital Age. Consultora Sênior na AVP, empresa de consultoria de gestão de dados localizada em Nova York, Kara Van Malssen é um importante nome no campo da preservação audiovisual, com uma intensa atividade em projetos internacionais — como a iniciativa Safeguarding Sound and Image Collections (SOIMA), coordenado pelo International Centre for the Study of the Preservation and Restoration of Cultural Property (ICCROM), além de ser consultora de instituições como o Museum of Modern Art (MoMA).
 
O artigo é uma importante contribuição para o conhecimento acerca da preservação de vídeo digital, um dos grandes desafios para quem lida com preservação audiovisual nos dias atuais, uma vez que envolve uma série de questões (como escolha de formatos de arquivo, codecs, taxa de compressão etc.) que ainda não foram devidamente esclarecidas, resultando em ausência de padrões e de melhores práticas de trabalho.
 
*Tradução de Marco Dreer.
** O texto original em inglês está disponível no portal Oral History in the Digital Age, pelo link: http://ohda.matrix.msu.edu/2012/06/digital-video-preservation-and-oral-history/. Acesso em: 10/04/2018. O texto está licenciado em Creative Commons CC BY-NC-ND 3.0: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/deed.pt

 
Preservação de Vídeo Digital e História Oral
 
Kara Van Malssen
 
Preservar vídeo digital envolve dar conta de todo o ciclo de vida do conteúdo, desde a pré-produção até a captura, edição, arquivamento e acesso. Decisões tomadas no momento da criação têm implicações em outras etapas ao longo do caminho. É importante entender essas implicações e tomar decisões ao longo do fluxo de trabalho que permitam um arquivamento eficiente, que tenham bom custo-benefício e que sejam acessíveis em um longo prazo.
 
Este artigo oferece um debate sobre questões de preservação, inicialmente para fluxos de trabalho com arquivos natos digitais, mas também para conteúdo em vídeo digitalizado a partir de fontes analógicas. Independente da origem do conteúdo, os problemas envolvendo o gerenciamento e a preservação de longo prazo permanecem os mesmos para todos os tipos de vídeo digital.
 
 
Anatomia de um arquivo de vídeo
 
Um arquivo de vídeo digital é feito de múltiplos componentes. Os mais importantes são o arquivo encapsulador, a faixa de vídeo codificada e (se houver som) a(s) faixa(s) de áudio codificada(s).
 
O arquivo encapsulador ou recipiente é aquele que frequentemente consideramos como sendo o formato de arquivo. É representado no seu computador ou sistema de armazenamento com uma extensão como .mov (Quicktime), .avi (AVI), .mpg (MPEG) e .wmv (Windows Media). O arquivo encapsulador é apenas uma parte do arquivo de vídeo, ainda que uma parte importante. Sua função é vincular a essência do vídeo e do áudio para que estes possam ser reproduzidos com precisão. O arquivo encapsulador também pode conter metadados importantes e faixas adicionais, como closed caption ou legendas.
 
As faixas de áudio e vídeo contidas no arquivo encapsulador são geradas por diferentes formatos de codificação ou codecs (abreviação para coder/decoder). O codec utilizado para gerar a faixa de vídeo deve também ser usado para decodificá-la quando de sua reprodução. Um software utilizado para reproduzir arquivos de vídeo precisa ter os codecs corretos em sua biblioteca digital para que os arquivos de vídeo sejam reproduzidos. Desse modo, os codecs podem ser entendidos como mais um formato de arquivo dentro de outro arquivo. Os codecs mais utilizados atualmente incluem o H.264, o DV (Digital Video), o Apple ProRes, o MPEG-2 e o MPEG-4. O formato de codificação também determina o tipo de compressão que será utilizado no arquivo (ao menos que o vídeo seja capturado sem compressão durante a digitalização).
 
É importante entender os componentes dos arquivos digitais que você irá criar, uma vez que diferentes formatos têm diferentes usos e diferentes abordagens para a preservação. Ao escolher o formato e o codec para utilizar durante a gravação e a digitalização, alguns fatores devem ser considerados, os quais irão determinar a interoperabilidade e a longevidade do formato. Alguns desses fatores incluem a adoção do formato (O formato é suportado por um grande número de fabricantes de hardware e de software? Há uma comunidade grande de usuários?), a documentação do formato (É proprietário ou de código aberto? O código-fonte está documentado e disponível para desenvolvedores? É padronizado ou há muitos tipos diferentes desse formato disponíveis?) e dependências externas (O formato depende de hardwares ou softwares específicos para que possa ser reproduzido?). Um excelente debate sobre codecs, compressão e fatores decisivos para a escolha de formatos de vídeo para armazenamento é o artigo A Primer on Codecs for Moving Image and Sound Archives: 10 Recommendations for Codec Selection and Management (Uma cartilha sobre codecs para imagens em movimento e arquivos sonoros: 10 recomendações para a seleção e o gerenciamento de codec), de Chris Lacinak, da AudioVisual Preservation Solutions (http://www.avpreserve.com/wp-content/uploads/2010/04/AVPS_Codec_Primer.pdf).
 
 
Captura
 
Independente do seu orçamento, decisões tomadas no momento da criação (isto é, no estágio da gravação em vídeo) afetará o restante do seu fluxo de trabalho: suas decisões de edição, o espaço de armazenamento que você irá precisar, o tipo de acesso que você poderá oferecer e como você precisará se planejar tendo em vista uma preservação continuada.
 
Os principais fatores que afetam o fluxo de trabalho do vídeo são o formato de codificação, a taxa de bits, e, por extensão, o tamanho do arquivo. A escolha de uma câmera de vídeo deve permitir-lhe utilizar e arquivar a gravação da maneira mais eficiente possível, dada sua infraestrutura, competências e recursos.
 
 
Formato de codificação
 
O primeiro aspecto do dispositivo de gravação a ser observado é o formato de arquivo e o codec utilizados. Conforme mencionado acima, é importante utilizar formatos de codificação e encapsulamento que sejam amplamente adotados, bem documentados e padronizados. Isso ajudará a garantir que o arquivo possa ser reproduzido em softwares comuns hoje e no futuro, implicando também que haverá uma grande comunidade investindo na manutenção da capacidade de reprodução do arquivo e/ou no desenvolvimento de soluções para a migração para um novo formato.
 
Apesar de aparentemente haver diversos formatos de vídeo disponíveis, atualmente os fabricantes de câmera estão se fixando em alguns formatos de codificação comuns. Quando for adquirir uma câmera, observe as especificações técnicas. Se você não identificar um dos formatos listados abaixo, talvez queira reconsiderar esse item:
 
  • H.264
  • AVC
  • DV
  • MPEG-2
  • MPEG-4
 
Se nenhum formato de codificação estiver listado nas especificações técnicas, você deve procurar por mais informações ou verificar outras opções. Câmeras de vídeo que gravam nesses formatos padrão podem ser encontradas em todas as faixas de preço.
 
 
Taxa de bits, resolução e tamanho do arquivo
 
A taxa de bits (ou taxa de dados) indica o número de bits que são processados ao longo do tempo. Em vídeo, a taxa de bits é geralmente expressa em kilobits por segundo (kbps) ou megabits por segundo (Mbps). A taxa de bits determina tanto a resolução da imagem quanto o tamanho final do arquivo de vídeo. Portanto, diferentes taxas de bits são utilizadas para diferentes propósitos. A fim de distribuir vídeo através das redes, o vídeo criado para a internet costuma utilizar uma taxa de bits baixa (700 kbps, por exemplo), enquanto que o vídeo que está sendo editado para uma eventual transmissão em TV terá uma taxa de bits muito mais alta (25-50 Mbps, por exemplo, para vídeo em definição standard) a fim de gerar uma imagem de alta qualidade. No entanto, o arquivo de vídeo resultante será muito maior.
 
Algumas câmeras gravam em taxas de bits fixas, enquanto que outras permitem o ajuste da taxa de bits. É importante começar com a taxa de bits mais alta que tanto a sua câmera permite gravar quanto sua infraestrutura de armazenamento e edição pode suportar. Um vídeo com uma taxa de bits mais alta exigirá maior capacidade de processamento do computador para editar e transcodificar, bem como mais espaço de armazenamento. Entretanto, para um arquivo de vídeo de alta resolução, qualquer quantidade de arquivos derivados de baixa qualidade pode ser gerada para diferentes propósitos. O mesmo não pode ser dito para a situação inversa: não há processamento de computador, por maior que seja, que possa substituir bits que não foram gravados originalmente. Portanto, se a cópia original que você tem é um arquivo de vídeo de 1 Mbps, essa é também a melhor cópia que você poderá ter.
 
 
Edição e transcodificação
 
Cada transcodificação — conversão de um formato de codificação para outro — introduz uma perda de geração, devido aos diferentes algoritmos de compressão empregados por diferentes codecs. É importante ter isso em mente quando decidir transcodificar seu vídeo, assim como saber a que propósito a transcodificação se destina.
 
Um vídeo pode precisar ser transcodificado por diferentes razões:
 
  • Caso o formato de codificação original seja proprietário ou tenha alto risco de obsolescência.
  • Para gerar arquivos intermediários, também conhecidos como cópias de trabalho ou matrizes de edição.
  • Para gerar arquivos representantes, também conhecidos como cópias de acesso.
 
Na maior parte dos casos, o material do vídeo original deve ser mantido, sem edição, como um arquivo matriz de preservação. A exceção seria quando o vídeo é capturado utilizando um formato proprietário. Ainda que gravações utilizando formato proprietário não sejam recomendáveis, caso absolutamente necessário será importante transcodificar o vídeo para um formato matriz de preservação mais manejável para o acesso de longo prazo.
 
A geração de três tipos de arquivo — matriz de preservação, intermediário e representante — é uma prática comum no campo da produção e do arquivamento de vídeo. O objetivo é manter o material gravado original intacto, na resolução mais alta possível, ao mesmo tempo utilizando o formato intermediário para gerar novas versões editadas e os formatos representantes para diferentes propósitos de disseminação. Dessa maneira, a integridade do original é mantida, enquanto que os processos de edição e transcodificação se tornam leves e eficientes. A matriz de preservação é armazenada de maneira segura, enquanto que os outros arquivos são utilizados para manipulação.
 
Caso o vídeo original capturado necessite ser transcodificado para propósitos de preservação, é importante manter a taxa de bits, o tamanho do arquivo, a taxa de quadros e amostragem de cor do arquivo original.
 
Um arquivo intermediário é uma cópia de trabalho ou matriz de edição. Deve ter uma resolução alta o suficiente para que quase todos os derivados necessários possam ser gerados a partir dele. As especificações para os arquivos intermediários dependem do original. Alguns talvez não precisem de um intermediário. Se o seu arquivo original de vídeo, por exemplo, é um arquivo DV de 25 Mbps (o equivalente à qualidade da fita miniDV) e você estiver utilizando o material gravado para exibição em TV, ou até mesmo para fazer um vídeo na internet, este mesmo arquivo será adequado como um intermediário. Basta gerar uma cópia adicional e armazenar a outra numa área separada e dedicada. Por outro lado, se o original é um arquivo HD de 100 Mbps, você provavelmente irá querer considerar um formato intermediário de baixa resolução, talvez 25 Mbps ou menos.
 
A escolha do formato intermediário muitas vezes depende do software e do hardware que você irá utilizar. Muitos editores trabalham com codecs de vídeo que são nativos dos seus sistemas de edição não-linear. Aqueles que trabalham com Final Cut Pro frequentemente transcodificam vídeo para o ProRes, da Apple, para fins de edição, enquanto que aqueles que trabalham em ambientes Avid geralmente optam pelo DNx, da Avid. Embora ambos sejam formatos de alta resolução, eficazes para edição, são também proprietários, sujeitos a modificações frequentes por parte do programador do software, além de não serem confiáveis enquanto formatos de preservação de longo prazo. Podem ser formatos intermediários adequados, mas não são recomendáveis para uma preservação de longo prazo. Caso esses formatos sejam utilizados durante o processo de edição, é altamente recomendável que o arquivo final de saída seja um formato padrão, como um daqueles mencionados acima, na seção de câmera.
 
 

Lista parcial de configurações disponíveis para exportar codificação, tamanho de tela e taxa de quadros no Final Cut Pro.

 
Um arquivo representante é semelhante a um arquivo de referência. Atualmente arquivos representantes são especificamente criados para disseminação na internet, DVD ou outros canais de distribuição. Trata-se de um arquivo de baixa resolução, em muitos casos baixa demais para edição, projeção ou transmissão em TV (dependendo das suas necessidades), mas satisfatório tanto para a largura de banda e as necessidades dos usuários da internet, quanto para a exibição rápida em um computador pessoal.
 
Se você realmente precisa converter um arquivo para outro formato, a transcodificação para gerar arquivos intermediários ou representantes pode ser realizada através de diferentes ferramentas no seu computador pessoal. Do lado comercial, produtos como o Compressor, que acompanha o pacote do Final Cut Studio, oferecem fácil transcodificação a uma ampla variedade de formatos. No entanto, não é preciso se apressar para comprar esse software caro. Ferramentas gratuitas como o MPEG Streamclip e o Handbrake são transcodificadores simples, disponíveis para sistemas operacionais Mac e PC, sendo que, no caso do MPEG Streamclip, é possível exportar para uma grande variedade de formatos recipientes e de codificação. Também é uma ótima ferramenta para fazer clipes curtos a partir de um longo material em vídeo.
 
 
MPEG Streamclip, da Squared 5, exibindo formatos recipientes para exportação.
Após selecionar o formato recipiente, opções de codificação e outras configurações são selecionadas.
 
 
Manutenção e armazenamento
 
Nomenclatura de arquivo e organização
 
Conforme mencionado acima, uma gravação original em vídeo deve ser mantida, sem edição, sob a forma de arquivos matriz de preservação. O “original” pode incluir mais do que um único arquivo de vídeo. Atualmente algumas câmeras exportam vários arquivos, todos agrupados em uma mesma estrutura de diretórios. Geralmente esses arquivos adicionais, assim como os seus respectivos nomes e a própria estrutura de seus diretórios, desempenham em conjunto um importante papel na funcionalidade do arquivo de vídeo. Algumas regras importantes para se ter em mente:
 
  • Se você está mantendo o original, mantenha todos os outros arquivos originais também.
  • Não altere a estrutura de diretórios.
  • Não altere os nomes de qualquer um dos arquivos ou de quaisquer nomes de pastas dentro da pasta raiz.
  • Utilize uma convenção consistente de nomenclatura de pasta para a organização dos arquivos originais. Altere apenas a nome da pasta raiz.
 
 
 
Estrutura de diretórios para uma câmera Panasonic P2
 
 
 
Estrutura de diretórios para uma câmera XDCAM
 
 
 
Estrutura de diretórios para uma câmera Canon Mark II 5D
 
Você deve criar uma convenção de nomenclatura de arquivo para os seus arquivos finais, para os arquivos matriz editados, os intermediários e os representantes. Assim como para todos os arquivos digitais, convenções consistentes de nomenclatura de arquivos e pastas devem ser utilizadas de modo que os arquivos possam ser facilmente encontrados e organizados, além de garantir o seu caráter único (de modo a evitar a substituição acidental de arquivos ou a disseminação da versão errada). Evite o uso de espaços e caracteres especiais no nome dos arquivos (como, por exemplo, @ # $ % & * : ” ’ < > ? /).
 
 
Armazenamento
 
Como já vimos, a quantidade de armazenamento necessário para arquivos de vídeo digital depende em grande parte da taxa de bits. Seguindo uma fórmula simples, você pode rapidamente calcular o quanto de armazenamento será necessário para um novo projeto de gravação de história oral que está por vir ou para um projeto de digitalização de suas fitas analógicas:
 
  1. Divida o número de Mbps (ou kbps) por 8 — isso converte bits por segundo (como a taxa de bits é calculada) por Megabytes por segundo ou MB/s (como o armazenamento é calculado)
  2. Multiplique o número de MB/s por 60 para obter MB/minuto
  3. Multiplique o número de MB/hora por 60 para obter MB/hora
  4. Divida a MB/hora por 1000 para obter GB/hora
  5. Multiplique GB/hora pelo número de horas que você vai gravar ou digitalizar
 
Há outras ferramentas para auxiliar nesses cálculos. A AJA Data Rate Calculator (http://www.aja.com/products/software/), por exemplo, irá calcular o número de MBs, GBs ou TBs que você vai precisar para armazenar arquivos gerados em codecs específicos, ou com determinadas taxas de dados, para um dado número de horas.
 
Tenha em mente que boas práticas de armazenamento digital exigem que pelo menos duas cópias do seu material matriz de preservação sejam mantidas e que essas cópias sejam armazenadas em diferentes mídias de armazenamento, preferencialmente em locais geograficamente separados. Ao gerar arquivos de vídeo comprimidos, que — dado o tamanho do arquivo incrivelmente grande (e, consequentemente, a capacidade de processamento e armazenamento necessária) de vídeo sem compressão — é como a maioria dos arquivos é gerada na câmera e durante a digitalização, é importante considerar a geração e o armazenamento de uma terceira cópia separada. Arquivos comprimidos de imagem, som e vídeo são muito mais suscetíveis à decomposição visível/audível no caso do apodrecimento de bits (um termo coloquial utilizado para descrever uma deterioração gradual da mídia de armazenamento).
 
 
 
Arquivo de vídeo sem compressão com pequena quantidade de decomposição (.mov, 61.5 MB, 206 Mbps). Pequenos pontos de cor aparecem por toda a imagem.
 
 
 
Arquivo DV com a mesma decomposição aplicada ao arquivo sem compressão (.dv, 8.7 MB, 25 Mbps). A imagem está visivelmente mais degradada.
 
 
 
 
Arquivo H.264 gerado a partir da mesma degradação aplicada (.mov, 968 KB, 1 Mbps).
O resultado da mesma degradação é claramente muito mais devastador.
 
Mídias de armazenamento apropriadas para arquivos de vídeo digital dependem de uma série de fatores, incluindo o tamanho da coleção de vídeo, a infraestrutura de TI e recursos disponíveis, bem como a frequência de acesso necessária.
 
Para arquivos matriz de preservação, que precisam ser acessados muito esporadicamente, o armazenamento em mídias offline, como unidades de disco rígido ou como fitas de dados LTO (vários TBs) será adequado para coleções pequenas (menos de 1 TB), sendo possivelmente as soluções de melhor custo-benefício. Tenha em mente que pelo menos duas cópias dos seus arquivos de vídeo devem ser armazenadas em mídias de armazenamento diferentes.
 
Arquivos intermediários e representantes geralmente precisam ser acessados com maior regularidade. Esse arquivos podem ser armazenados em disco rígido, tanto em unidades de disco rígido externas quanto em redes de armazenamento como SAN, NAS ou outros servidores, caso sua infraestrutura suporte esses métodos de armazenamento. Arquivos representantes podem geralmente ser armazenados em provedores de vídeo e canais de distribuição, ou em soluções baseadas na nuvem. Entretanto, a nuvem não é um método adequado de armazenamento para grandes arquivos matriz de preservação e edição, dada a enorme quantidade de largura de banda que seria necessária para movimentar esses arquivos pelas redes.
 
 
Metadados técnicos e de preservação
 
O gerenciamento de coleções de vídeo digital é bem amparado por metadados de vários tipos. É importante gerar e gerenciar metadados descritivos bons e consistentes de modo a apoiar a descoberta e a compreensão do recurso. No entanto, metadados técnicos, estruturais e de preservação também auxiliam bastante no gerenciamento de coleções de conteúdo audiovisual.
 
Felizmente, todos esses metadados não precisam ser gerados a mão, e nem é preciso começar do zero para decidir quais metadados têm de ser capturados e coletados. Metadados técnicos são criados quando o próprio arquivo é gerado, sendo armazenados no cabeçalho do arquivo. Você pode visualizar facilmente esses metadados utilizando uma ferramenta como o MediaInfo (especialmente recomendado para arquivos de vídeo e áudio). Com um pouco de trabalho adicional, os trechos mais importantes gerados na saída do MediaInfo podem ser adicionados aos metadados técnicos dos seus arquivos. O MediaInfo é uma ferramenta gratuita disponível para as plataformas PC e Mac.
 
 
 
Tela de metadados técnicos do MediaInfo para um arquivo MPEG-4, utilizando o modo Text View.
 
Dois padrões oferecem suporte para a captura de grande quantidade de metadados técnicos para arquivos de vídeo: 1. videoMD, mantido pela Library of Congress; e 2. PBCore (que é também um padrão de metadado descritivo), mantido pela Corporation for Public Broadcasting (http://pbcore.org/). Implementando ou não esses padrões em sua base de dados, eles ainda podem ser uma diretriz muito útil e, no caso do PBCore, oferecer vocabulários controlados que podem ser particularmente úteis para a introdução de metadados consistentes.
 
 
Acesso
 
Antes de optar por qualquer formato representante, avalie como você irá difundi-lo, as especificações para os arquivos de vídeo, e se estes por acaso já fazem transcodificação interna, pois, nesse caso, você não precisará fazê-la. Várias das plataformas atuais de difusão de vídeo mais utilizadas irão criar representantes para você no formato mais adequado para aquele sistema. O YouTube, por exemplo, salienta que você deve fazer o upload do arquivo original, de modo a garantir que a qualidade possa ser mantida durante o processo de transcodificação. O Vimeo, por outro lado, fornece um conjunto de especificações para o formato de vídeo, processo de codificação, tamanho do quadro etc. Sistemas de gerenciamento de vídeo online como o Kaltura (http://www.kaltura.org/) irão gerar um grande número de arquivos derivados a partir do seu original em alta resolução ou do seu intermediário para a distribuição em diferentes plataformas.
 
Prover acesso para usuários remotos pode exigir tanto a geração de representantes de resolução bem baixa (taxa de dados baixa) para streaming em áreas de banda estreita, quanto também a geração de formatos de distribuição alternativos. DVDs podem ser as mídias mais apropriadas em muitos casos. Ao autorar um DVD a ser distribuído para usuários em outras partes do mundo, não deixe de verificar se o DVD necessita ser autorado em PAL, NTSC, SECAM ou outro formato, de modo que possa ser reproduzido em players de DVD locais. Essa questão não se aplica no caso de arquivos de vídeo que são salvos em DVDs sob a forma de dados (ao invés de um disco autorado com menu, capítulos etc.).
 
 
Plano de preservação
 
Como mencionado acima, o uso de formatos de arquivo e codecs abertos e padronizados é altamente recomendável para assegurar que os dados estarão acessíveis no futuro. A retenção em um longo prazo de formatos de vídeo proprietários não é recomendado. Esse formatos mudam com frequência, sua reprodução é restrita a softwares específicos e o código-fonte não é documentado, impedindo que outros profissionais possam desenvolver codecs para ler os arquivos. Se você tiver gerado ou adquirido arquivos de vídeo proprietários como seu formato de preservação primária (algo que inclui Apple ProRes e AVID DNx), pode querer considerar a migração desses arquivos para um formato de arquivo mais amigável em termos de preservação.
 
De modo geral, formatos de vídeo que são amplamente suportados, documentados e de padrão aberto terão uma vida útil muito maior do que os formatos proprietários, sujeitos a constantes mudanças. No entanto, no decorrer do tempo, esses formatos também irão mudar, e talvez seja necessário migrar os arquivos de preservação para um novo formato. É importante monitorar o cenário tecnológico para saber quando um formato (recipiente ou de codificação) está em risco de obsolescência. Enquanto isso, é importante manter os arquivos originais, de alta qualidade, junto ao seu codec e a sua resolução nativos.
 
A outra boa notícia sobre os formatos de arquivo padrão é que há um número incrivelmente grande de pessoas utilizando esses formatos, bem como grupos de programadores que mantêm bibliotecas de codecs, as quais contêm o código-fonte para um grande número de codecs de vídeo padrão. A manutenção das livrarias de codecs, como a libavcodec, mantida pelo ffmpeg (http://www.ffmpeg.org/), ajuda a garantir que os desenvolvedores de software continuarão a ser capazes de criar métodos para reproduzir arquivos de vídeo nesses formatos, mesmo que surjam novas mudanças de tecnologia.
 
Enquanto que os formatos de preservação padrão não precisarão ser migrados com frequência, o mesmo não se verifica para os arquivos representantes. À medida que que as larguras de banda aumentam, e enquanto as maiores companhias de produção e distribuição de vídeos do mundo (como Apple, Adobe e Google) continuam sua guerra pelo domínio do mercado, o formato do dia muda com as tendências. Como um exemplo disso, a coleção Prelinger, no Internet Archive (http://www.archive.org/details/prelinger), ainda contém as matrizes de preservação originais geradas há dez anos, mas os arquivos representantes para essa coleção mudaram de maneira contínua ao longo dos anos, desde RealMedia até Quicktime, passando por Flash e mais recentemente H.264. O mundo dos vídeos na internet está atualmente vivenciando uma guerra sobre qual codec se tornará o padrão para a distribuição na internet em HTML 5, com a Apple e a Adobe por trás do H.264, e a Google por trás do webM.
 
Os critérios de Sustentabilidade de Formato de Arquivo da Library of Congress (http://www.digitalpreservation.gov/formats/) fornece elementos muito úteis para avaliar um determinado formato.
 
 
Fontes
 
Resumo do relatório do PrestoPRIME sobre ameaças ao armazenamento em massa:
 
Library of Congress, “Sustentabilidade dos Formatos Digitais”: (http://www.digitalpreservation.gov/formats/)
 
Chris Lacinak, “Uma cartilha sobre codecs para imagens em movimento e arquivos sonoros: 10 recomendações para a seleção e o gerenciamento de codec)”: (http://www.avpreserve.com/wp-content/uploads/2010/04/AVPS_Codec_Primer.pdf)
 
Video Preservation Website: (http://videopreservation.conservation-us.org/)
 
MPEG Streamclip: (http://www.squared5.com/)
 
 
 
 
 
Calculadora AJA de Data Rate: (http://www.aja.com/products/software/)