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Foto: James Cumpsty

Como o BFI está evitando o patrimônio fílmico do Reino Unido de ficar “encalhado no analógico”

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Em uma recente matéria para a revista Computerworld UK, é possível conhecer mais de perto um projeto de grande porte do British Film Institute voltado para a preservação de filmes do Reino Unido.

Confira abaixo alguns detalhes curiosos do projeto que destacamos:

 

Foto: James Cumpsty

 

◊ Em 2012, o British Film Institute lançou um ambicioso projeto para digitalizar materiais fílmicos de arquivo com o objetivo de preservar a história das imagens em movimento britânicas. “Unlocking Film Heritage” vai permitir que mais de 10 mil filmes de arquivos regionais e nacionais sejam digitalizados, preservados e, por fim, disponibilizados para o público.

◊ Sem a tecnologia apropriada, as ferramentas e as habilidades necessárias, o conteúdo que está nos suportes ficará trancado para sempre. A equipe do projeto tem uma frase para o fenômeno: “encalhado no domínio analógico“.

◊ Após o processo de aquisição de equipamentos ter sido estabelecido, a equipe do projeto começou a construir e configurar a infraestrutura, algo que levou cerca de dois anos. Quando tudo estava já operando, eles iniciaram um projeto de “ingestão”, voltado para a inserção (ingest) dos dados dos acervos, algo que levou mais dois anos, com um montante de cerca de 2 petabytes de dados até o momento.

◊ O sistema de armazenamento de dados do projeto utiliza bibliotecas de fitas, que são configuradas com drives e mídias LTO-6, além de fitas IBM TS1150, para que haja uma diversidade de mídias — como uma forma de trazer uma maior segurança à estrutura, ao invés de ter que depender de uma única tecnologia. Uma das bibliotecas pode armazenar até 20 petabytes sem expansão, de certa forma garantindo uma janela futura entre cinco e 10 anos.

◊ Um grande problema para os arquivistas é o enorme tamanho dos arquivos gerados para a preservação digital. Um filme em resolução 2K pode atingir 2 terabytes, e à medida que a qualidade dos filmes aumenta, com 2K e acima disso, o tamanho dos arquivos se amplia também.

◊ “Para tudo o que adicionamos no sistema, geramos uma cópia de acesso, que é armazenada em um grande NAS — um enorme servidor situado no centro da nossa infraestrutura. O NAS armazena os dados online em um grande disco giratório e os torna disponíveis pela Internet por meio de vários aplicativos de acesso web“, afirma Stephen McConnachie, Diretor de Dados Para Coleções e Informações do BFI, acrescentando que há instalações no BFI onde o material arquivado pode ser assistido em telas pelo público.

◊ Há uma onda de aposentadoria atingindo o setor, em que todos aqueles que são engenheiros e técnicos da área de radiodifusão há 20, 30 ou 40 anos estão se aproximando da idade de se aposentarem. Esse é um grande desafio porque há muitas fitas para serem digitalizadas ainda. A intenção, então, é levar as pessoas com essas habilidades para treinar as equipes mais jovens, transmitir o conhecimento e documentá-lo.

◊ Para escanear um filme — portanto, digitalizá-lo — é preciso utilizar uma máquina que opera de maneira parecida com um projetor, mas ao invés de percorrer uma luz através da máquina para exibir as imagens, o equipamento captura cada fotograma com uma fotografia de alta resolução. “Imagine armazenar 150 mil imagens de altíssima qualidade para representar um único filme de longa-metragem”, afirma McConnachie.

◊ “Um arquivista tem que ser bastante cuidadoso. Temos filmes no acervo de 1895, de modo que quando você pensa quanto tempo mantivemos os itens físicos em segurança e os tornamos acessíveis, é preciso considerar: estamos seguros de que estamos fazendo isso corretamente ao ponto de que daqui a 120 anos esses dígitos binários serão reaproveitáveis?”

◊ Mas 20 anos para a preservação digital é como uma eternidade. A tecnologia não permanecerá estática, com atualizações pontuais planejadas a cada dois anos e grandes projetos de recuperação a cada cinco anos.

◊ O projeto inicial de cinco anos chegou ao fim em 2017, mas o BFI iniciou um novo projeto de preservação chamado Heritage 2022, que tem como objetivo digitalizar fitas de vídeo, e que vai reutilizar a infraestrutura criada originalmente pelo projeto Unlocking Film Heritage.