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Os antigos formatos analógicos são mais estáveis e podem durar 150 anos a mais do que as atuais gravações digitais.
Essa é uma das conclusões reveladas por um estudo realizado em 2010 pelo Conselho de Recursos em Biblioteconomia e Informação em parceria com a Library of Congress norte-americana.
Gravações digitais de eventos importantes da história dos EUA, além de programas de rádio, estão sob risco de desaparecerem. Os ataques de 11 de setembro de 2001 e a eleição presidencial de 2008 são exemplos disso.
Ao contrário de certo conhecimento corrente, os arquivos digitais requerem um novo conjunto de técnicas de preservação. No universo digital, não caberia mais a concepção do “store and ignore” (“armazenar e ignorar”), em que supostamente os documentos analógicos poderiam ser conservados em um longo período sem muitas intervenções.
Preservação digital: abordagem ativa
A preservação digital, ao contrário, envolve um trabalho constante e ativo, de custos elevados.
Por outro lado, a rápida mudança na forma de reproduzir as gravações, em grande parte imposta pela indústria tecnológica, pode tornar os formatos obsoletos.
Equipamentos como gravadores de fitas de rolo e cassete, por exemplo, já estão obsoletos, só podendo ser encontrados em leilões virtuais ou lojas de antiguidades. Segundo Sam Brylawski, um dos redatores do estudo, “essas fitas cassete são bombas-relógio. Simplesmente não conseguiremos tocá-las”.
No entanto, nos últimos anos é possível observar uma retomada do interesse pelas fitas cassete, ainda que seja um movimento aparentemente muito mais pautado por sentimentos nostálgicos incentivados por alguns fenômenos pop (como a série Stranger Things).
É preciso aguardar alguns anos mais para termos certeza de que o hype possa a vir se tornar uma tendência expressiva em termos de adoção por parte da indústria.
O estudo também aponta que poucas instituições norte-americanas têm as instalações, equipamentos de reprodução e recursos humanos para preservar seus documentos sonoros, sejam analógicos ou digitais.
Atrelada a isso, a possibilidade de adesão aos padrões (as chamadas “melhores práticas” de trabalho) está além da capacidade da maioria das instituições, pois implica custos, mão-de-obra especializada e infraestrutura.
Reforma dos direitos autorais
Finalmente, outra questão crucial apontada pelo estudo é a que toca os direitos autorais. Uma miscelânea de leis antipirataria do século XX fez com que a maioria dos documentos sonoros permanecesse fora do domínio público.
Precisaria haver, portanto, mudanças na legislação, por meio de uma reforma dos direitos autorais, para retirar a maioria das iniciativas de preservação de áudio da ilegalidade.
Para que documentos sonoros de grande importância histórica e cultural sejam preservados em um longo prazo é fundamental que haja um melhor equilíbrio entre a proteção da propriedade intelectual e a disseminação da tecnologia digital, de modo que ambas não sejam prejudicadas.
Ainda que se trate de um estudo norte-americano voltado para questões a princípio locais, não é difícil identificar grande parte desses dilemas e desafios aqui no Brasil, com agravantes como falta crônica de recursos, dependência tecnológica, carência de formação na área etc. Vale a leitura.
O estudo completo está disponível gratuitamente para download aqui.